sexta-feira, 27 de maio de 2011

O Cruzeiro Costa Sul e meus dois irmãos

Desta vez o Ale me surpreendeu! Eu não tinha acordado ainda e ele deu partida no motor! O susto foi grande! Fiquei bravo, não gostei muito. Afinal o sol mal tinha saído. Aqui, onde estávamos, abrigados de Leste não dava nem para ver ele ainda.

Devagar levantamos âncora. Agora todos estávamos acordados, mas os barcos vizinhos ainda não. Saímos devagarinho, olhando com carinho para esta praia que é um presente divino para homens e barcos. Na proa estava a Ponta dos Meros e logo atrás a Ponta de Juatinga. Muito injusta a fama que alguns atribuem a ela. Fama de perigo, risco mau, etc... tudo para vender um livro! É apenas um lugar com ondas que batem nas pedras e voltam para o mar, fazendo com que você tenha ondas em dois sentidos... não gosta de balanço? Afaste-se da pedra e vá ser feliz! Mas falar mal da ponta da Juatinga, não dá, rs. E mais, o lugar é lindo, com um aspecto selvagem e inexplorado.

Viramos a ponta dos Meros e fomos em direção a praia grande para encontrar a Duvel, Mais uma vez vi um esperançoso comandante, sob os olhares de uma desconfiada comandante que ia ao leme, levantar a vela mestra. Desta vez deixei ele trabalhar sem me incomodar. Quem sabe aparece um ventinho!

Nada do vento aparecer. E nem a Duvel. Chamamos no rádio várias vezes. Até umas 10 milhas depois da Parnaióca o Vento ainda respondia no rádio. Depois nem o Vento, nem a Duvel. Já estávamos entrando no saco do Mamanguá quando duas coisas aconteceram. Uma, a Duvel respondeu! Estavam na Praia Grande da Cajaíba. Outra, a Bia viu o que seriam golfinhos. Eu não vi nada, nem o Alê! Mas como ela avisou ficamos procurando...e ... BALEIAS! Duas baleias estavam saindo do saco em direção ao mar. Lindo avistamento! O comandante desceu para pegar a máquina e ouviu um barulho estranho...  Abriu meus paineiros e descobriu o que eu já sabia! Muita água salgada. Procura dali, vai aqui, achou! Uma mangueira de descarga da água salgada do arrefecimento do motor tinha cumprido seu trabalho por 10 anos mas agora não queria mais trabalhar e rachou. Agora, motor ligado era igual a barco cheio d´água. O Alê desceu com umas ferramentas, cortou, acertou, apertou, engasgou e ficou mais ou menos. Mas dava para ir para frente sem jogar água pra dentro do barco.

Desistimos da Praia Grande, porque seriam mais duas horas de motor. Fomos direto para a Cotia. No caminho paramos em Paraty Mirim. Joguei a âncora a uns 500 metros da praia. Paraty Mirim, além de raso é muito freqüentado, então é bom ficar longe dos banhistas e dos "popopós" que passam o tempo todo. Vi quanto o blackinho saiu zunindo com Bia e Alê para praia. Foram andar na areia e tomar açaí na pequena vila que tem na beira da praia. Depois o blackinho passou, voltando em sentido ao Saco do Mamanguá. Eles foram direto para a praia do Sombreiro e deram sorte. Lá estavam Via Láctea, Energia, Tetiaroa e Skua. Rolou um almoço no Via Láctea, um bate papo com o Roberto e a Marilda do Energia e um abraço na turma do Skua e Tetiaroa e voltaram para cá!

Ainda eram duas horas da tarde! Quanta coisa aconteceu em tão pouco tempo! Que dia proveitoso! Depois de um cochilo, fomos para a Cotia.

Cotia lotada no feriado da Páscoa - Saída do Cruzeiro Costa Sul
Como sempre paramos do lado do continente, que é menos agitado. De longe vimos meu irmão mais novo, o BIG LIT (aliás, eu sou o mais velho da família... só tenho irmão mais novo mesmo!!!). Lá vai blackinho com o casal elétrico para dar um abraço na Helena e no Carlos, do BL.


Meu irmão Big Lit

Quando chegaram lá entenderam porque tanto agito. Estava tendo um encontro da ABVC. O cruzeiro Costa Sul 2.011 estava em seu segundo dia e o pernoite era aqui! Eram muitos barcos e estavam fazendo uma festa grande, com cerveja e churrasco na Cotia. Tudo muito limpo e arrumado como cruzeiristas devem ser. A pequena praia da Cotia estava mais lotada que estacionamento de shopping no Natal, de tanto bote inflável estacionado. O jeito foi amarrar o bote em um galho de árvore que se debruça longamente sobre o mar e fazer a Bia molhar os pés para chegar à praia.
Depois uma visita ao Big Lit e um feliz encontro conhecendo o comandante de outro irmão MB45, o MM2000 (e seu comandante Chico). O MM2000 é um barco absolutamente amarelo! Muito diferente. Uma versão minha mais... ensolarada!


Meu irmão "amarelo", o MM2000

O lay out interno também e bem diferente do meu. Muito bem aproveitado também. Seus proprietários, um casal simpático e hospitaleiro, estão curtindo muito o barco. Visita pra cá, visita pra lá! Planos de novos encontros e os novos amigos foram dormir... no dia seguinte sairiam lá pelas 05:00 da manhã.
Antes de irem embora o Ale deixou com o Carlos uma garrafa de Jhonnie Walker, e ficou feliz, pois sabia que iam brindar à distância o passeio bacana daquela turma. Tomara um dia tenhamos tempo para nos juntar a eles!
O por do sol aconteceu absolutamente vermelho. LINDO, rendeu o que talvez tenha sido a mais bela foto de por do sol feita pela tripulação.




O mais lindo pôr do sol que já vimos na Cotia
Então... Sabe aquela história de “Red sky at morning, sailors warnning, red sky at night sailors delight ... Esta história é boa no hemisfério norte, pq o mau tempo vem de leste para oeste... Aqui o mau tempo vem de oeste para leste, e o céu vermelho à noite indica ele chegando... é isso... duvida? Confere aí embaixo, na foto o por do sol e virada de tempo no dia seguinte... rs

 
E nós por aqui, para terminar a noite: churrasco no Vento! Afinal, amanhã, iríamos ficar vagabundeando aqui pela baia de Parati mesmo. A tripulação do Vento estava muito tranqüila, e descolada, como sempre. Comeu-se muito bem! Picanha Suína, uma iguaria, Paleta da Bia , outra iguaria, tudo muito bem feito.

Que dia agitado! Que muito bom encontrar tanta gente de bem com a vida!

Fico bem chateado no dia de irem embora. O agito termina. O Mestre André e a Dona Socorro cuidam muito bem de mim. O Marcelo, o Darlan, a turma toda que o Mestre traz é muito bacana. Receber carinho e atenção é bom, mas viajar e passear é uma delícia!

Para completar o dia amanheceu estranho. Estava nublado de um lado e com aquele sol bem amarelo de chuva. As nuvens andavam rápido por cima das escarpas do Mamanguá, vindo de SO. Aqui  em baixo nada de vento e o sol castigando. O Alê sentiu o cheiro da chuva e correu para fechar, pela primeira vez no feriado todo, a capa da mestra.

O dia, como prometido, foi de contemplação. Lá pelas três da tarde, voltamos devagarinho, sem forçar a mangueira do escapamento com muito giro no motor. O Vento e o Filho do Vento, já tinham partido cedo.

Já eram umas quatro da tarde, quando passamos pela Dona Quita (Praia do Engenho) e a chuva chegou. Chuva de gente grande. Pingos pesados e barulhentos por todos os lados, acompanhada de muito vento.


Olha a virada de tempo!!

No través do forte, vimos... XUPOLHO! Eles estavam chegando da aventura deles! E que aventura! Deram a volta na Ilha Grande com o Marreco 16`!


O corajoso Xupolho depois de dar a volta na Ilha Grande
  E a chuva continuava castigando. Começou a ficar preocupante quando uma grossa lâmina de água marrom apareceu em toda a baia. Lembrou o deslizamento do Bananal na Ilha Grande em 2.010. Muitos galhos, muita lama, muita chuva. O vento diminuiu  e encostamos no porto.

Como era volta de feriado, Ale e Bia não foram embora. Ficaram curtindo um pouco mais o calor da cabine. Assistiram a um filme muito triste. Não valeu a pena... afinal, depois de tanta alegria, ficar triste por um filme... que chato isso!

Mas a tristeza passa logo! É só lembrar de todas as pessoas bacanas que encontramos e conhecemos, da Parnaíoca, dos Meros, dos amigos e ser feliz!!!

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Continuando a conhecer a Ilha Grande: Dos Meros à Parnaioca!

Passamos a noite nos Meros. Ficamos de lado para as marolas quase o tempo todo. Ainda não sei bem por quê. Dormi fundo embalado pelo balanço... quando acordei, o Xupolho e o Skua já tinham ido. Saíram de madrugada. Vi quando eles passaram, logo que o sol nasceu.

O sol já estava forte quando ouvi o Alê acordando e andando pelo deck...  "Que perigo, que perigo", ele ficava dizendo, enquanto olhava para o mar... É que esse pessoal aqui dos Meros não é muito bacana... A uns anos atrás, eles soltaram os cachorros na praia quando tinha criança andando. Um cachorro destes grandes mordeu uma das crianças no rosto. Foi bem chato... agora eles tiraram as bóias de umas poitas e os cabos estão flutuando a meia água. Perigo total para qualquer embarcação que estiver chegando na praia. E nós tivemos muita sorte!!! Tinha um cabo bem embaixo da gente. Chegamos no embalo com o motor desengatado... isto deve ter ajudado.

Assim se você estiver vindo, entre e o mais possível à bombordo, pq do meio da pequena baía para boreste há umas três dessas poitas abandonadas com cabos à meia água...

De qualquer maneira dava para ver as poitas lá no fundo na areia! Que visão linda, como a água estava limpa e cristalina dava para ver até a âncora unhada no fundo. Um grande cardume de peixes estava nadando embaixo do meu casco (também Alê... tem umas craquinhas por aqui ... rss) (Black, liguei pro rapaz que limpa teu casco, ele ta indo aí esta semana!)

O Filho do Vento, durante à noite tinha chegado bem perto de nós, mas a ancoragem do comandante foi perfeita e os barcos não se tocaram. Parabéns FDV!



A Bia, como sempre, serviu um café da manhã de encher o tanque até dos motores mais gastões! Com tanta comida até uma lancha andaria rápido!!! O Ale deve ter se animado, pq disse pra Bia: Vela pra cima! Ta na hora de velejar! Mas olhei lá pra fora e não vi nem sinal de vento... nada, nadinha... o mar liso, e sem nenhuma crista. Achei que não ia rolar. Tentei avisar o teimoso fazendo força pra vela não subir. Travei a adriça tudo que pude. O Ale, teimoso, ficou até suando, pediu emprestado até spray de lubrificante prô Murilo.

Presta atenção Ale, subir vela nunca foi difícil... o que vc acha que mudou hoje? Não tem vento!!! (rsss... foi engraçado, sorry!) Mas não teve jeito, não fui ouvido e a vela subiu para fazer barulho e descer sem ter trabalhado, logo na chegada da próxima ancoragem... e assim saímos para a Parnaioca! Esse era o nosso destino desde o carnaval!!! Esperamos uma queresma inteira para esse momento. Sem falar que já deveríamos ter dormido lá esta noite, mas como vocês viram, não estava muito apetitoso ir de noite para lá não.
Assim saímos, FDV e nós.

 A chegada na Parnaíoca foi um momento muito especial! Como a maré ainda não tinha enchido, dava para ver de longe a faixa larga de areia branca, com os coqueiros e água que ia do azul a um verde esmeralda quando chegava perto da areia. A boreste de nossa entrada estavam alguns outros veleiros, dava para reconhecer o Skua, Vento, Tetiaroa, Odara... Que lugar lindo!



O Coca tava na água com a Ana . Também pudera! A água estava perfeita!



Jogamos a âncora a mais ou menos uns 10 metros de profundidade, a uns 100 m do Vento e uns 300 da praia. Dava para ver ela tocando o fundo. Adoro água limpa e cristalina! Lá no porto, como a baia de Paraty tem uma camada de 14 metros de profundidade de lodo e minha quilha fica o tempo todo tocando o fundo, levantando suspensão, no dia a dia não consigo ver um palmo diante do bico de proa. Aqui via minha âncora lá nos dez metros. E Bia... que não é boba nem nada, saiu da cabine toda animada para entrar na água, mas falando: macarrão!!! Puxa essa mulher só pensa em comida!!?? Nada! Era uma daquelas bóias compridas de piscina!! Kkkkkkkkk. Assim, ficaram na água Bia, Ale, Murilo, Coca, , Maria Helena, Marisa. O Ale parecia criança, e, lembrando os tempos de instrutor de mergulho fez várias descidas ao fundo.



A água estava tão boa que eles devem ter ficado boiando me fazendo companhia quase uma hora. Depois disso foram para a praia. A caminhada deve ter sido boa. A praia é larga e longa, a areia branca muito boa para andar. Do outro lado  (à bombordo da entrada) várias lanchas e até escunas, de todos os tamanhos se juntavam. É que lá tem uma grande lagoa de água doce. Ouvi que subindo pelas margens desta lagoa tem uma cachoeira. Rio acima tem inclusive quedas de água grande. Na praia caminhavam Ale, Bia e Ana , que mostrou seu "anel de compromisso" para os dois. A , tão querida, já compromissada... é comandante, o tempo passando, daqui a pouco vocês trazem os netos à bordo! Eu vou gostar! Bebê remoça todo mundo!!!


O almoço não foi a bordo. Mesmo tão longe de tudo tem restaurante! Que coisa boa! Na verdade a Parnaíoca já foi a maior vila da ilha grande (link post anterior) e na caminhada além de conhecerem as ruínas, o camping, -- que apesar de modesto é muito bem montado, e seu dono, dizem, um excelente anfitrião, preocupado com o meio ambiente e com o futuro do lugar – conheceram também o restaurante da dona marta. A Bia fez um relato inteiro sobre ele: clique aqui para ver!




No meio da tarde o Skua resolveu voltar com o Tetiaroa para Paraty. O Xupolho que é irmão menor do Skua iria ficar para completar a volta na Ilha! Bravo esse barco, salada de xuxu com repolho!



Assustados com o tanto que tinham balançado na noite anterior, os outros barcos ficaram confabulando sobre qual seria o melhor lugar para dormir. Na outra ponta, deste lado, mas numa pequena reentrância perto do braço de terra que fica à boreste da entrada, aqui, ali.. Enquanto isso, vi o blackinho com o Alê indo para a ponta de terra à bombordo de quem sai. Talvez uma meia milha adiante. Lá, largou o botinho e se meteu na água. Faltava um pouco para o sol começar a se por. O mergulho, entre pedras enormes e muitos peixes grandes, com várias tocas para serem exploradas pareceu ser uma delícia.

Já com o sol deixando a Baia da Ilha Grande, o blackinho voltou e foi a vez da sessão de fotos. Mais um por do sol espetacular. Como são lindos os meses de Abril e Maio. Obrigado, Papai do Céu!!!



O jantar foi a bordo, mais uma vez a Bia arrebentou. Vi os dois irem dormir muito felizes!