Meu DNA

Sou um MB - 45. 

Os MBs são barcos que foram fabricados a partir de 1986, projetados pela dupla por Judel/Vrolijk. No Brasil não há muitos barcos desta dupla, mas vale conhecê-los. O MB até hoje tem o visual moderno e limpo, um deck de fácil movimentação tanto para cruzeiro quanto para regata... tanto é que logo que foi para a água o Black Swan ficou bem colocado em provas importantes, tendo sido fita azul da Santos-Rio.

A execução do projeto ficou a cargo da Marte Nautica, cujo proprietário era dono de uma empresa de manutenção de aviões no campo de marte, portanto muito rigoroso na construção.

Os materiais utilizados na construção são excepcionais. Kevlar para o casco e deck. Teca para as partes sociais do convés. Mastro de três cruzetas com vang e back stay hidráulicos e running stays, 8 catracas superdimensionadas.


Constam que foram produzidos 13 barcos. O Black Swan foi o primeiro deles, consta que foi o plug do molde, e era o barco show room do estaleiro.

Imagens publicadas nas revistas da época. A Mar, Vela e Motor acima, com o Black Swan na capa, foi cedida pelo Comandante Coca, do VENTO. Sempre fiel à vela de cruzeiro e regata, o  Coca é um dos tripulantes mais safos em qualquer situação e um comandante para qualquer tipo de embarcação e situação de mar. Ressalva importante deve ser feita quanto à qualidade de sua valorosa  tripulação de esposa e filha que o acompanham.





Há ainda muito da história do Black Swan para se recontar. No final da década de 90 o João Assad passou a ser o proprietário e o tratou a pão de ló. Gerador, ar condicionado, motor e rabeta novos, trocados com a Pier Boat, geladeira nova, leme retificado, eletrônicos... enfim, muita atenção e carinho. O João e o Igor, seu filho, velejavam e cuidavam do Black Swan extremamente bem. Infelizmente, o João faleceu, e só por esse motivo o Black Swan mudou de mãos...


Foi então que este conjunto, projeto, construção, manutenção foi recentemente posto à prova. Uma passagem breve, não mais do que dois anos,por proprietários que o utilizavam mas não o mantinham geraram consequências: vazamentos de água no deck, acrílicos trincados e opacos, parte elétrica deteriorada, eletrônicos abandonados, catracas com mau funcionamento, madeira interna com riscos e marcas, motor sem nenhuma manutenção, gerador queimado, inúmeras instalações sem supervisão ou conhecimento real. Para quem conheceu o imponente, e até poderoso veleiro de 11,5 toneladas, vê-lo naquele estado causava dor. Seu casco antes impecável imaculado agora era um conjunto de riscos e manchas. Adriças com limo. Suas velas de material exótico, que eram recém compradas quando o João faleceu, estavam expostas ao sol... apodrecendo pela ação dos raios UV.

Mofo, gambiarra, riscos, madeiras apodrecendo, hidráulica quebrada... o Black Swan implorava por um dono...  e um extreme makeover. Assim fizemos a adoção. Fomos ajudados na primeira incursão pelo Walter e Lani do Loucura, um Cal 40. E por ironia ficou claro que a loucura era a nossa!!! Quanta coisa para mudar... e rápido, porque o que não se cuida deteriora rápido....


Ponto positivo, nada, absolutamente nada de estrutural havia para se fazer. Casco completamente íntegro. Cavernas completamente inteiras. Mastro com zero torção, apesar dos brandais estarem desregulados. A estrutura comportou-se como previsto. O DNA do Black Swan é de segurança e força. O resto é com a gente!